sexta-feira, 30 de maio de 2008


"Mãe, estou na televisão, um rosto anônimo deitado no chão, no meio da multidão.Curiosos de todas as partes... Agora sim, sou o centro da atenção de todos.Olhos pasmos, bochechas pálidas, bocas entreabertas.Vi uma lágrima de alguém que nem sequer conhecia.Um momento que passou tão rápidoUm grito solitárioUma mágoa passadaAlegrias relembradas em apenas um segundoTempo perdido...
Mãe,hoje eu voei, mas voei tão alto...Como é bonito as coisas lá de cima, mas de repente tudo desabou, e então eu sorri.Talvez de felicidade - pela primeira veztalvez de medo, talvez nervoso... ou foi apenas um reflexo
Mãe,hoje tive coragem de falarhoje tive vontade de gritarhoje tive saudade de amar
Mãe...hoje eu vivihoje eu sentihoje eu morri"


( Ismália )

quinta-feira, 29 de maio de 2008


"Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é(E se soubessem quem é, o que saberiam?),Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,E não tivesse mais irmandade com as coisasSenão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da ruaA fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitadaDe dentro da minha cabeça,E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.Estou hoje dividido entre a lealdade que devoÀ Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.A aprendizagem que me deram,Desci dela pela janela das traseiras da casa.Fui até ao campo com grandes propósitos.Mas lá encontrei só ervas e árvores,E quando havia gente era igual à outra.Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!Gênio? Neste momentoCem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,E a história não marcará, quem sabe?, nem um,Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.Não, não creio em mim.Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?Não, nem em mim...Em quantas mansardas e não-mansardas do mundoNão estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,E quem sabe se realizáveis,Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?O mundo é para quem nasce para o conquistarE não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,Ainda que não more nela;Serei sempre o que não nasceu para isso;Serei sempre só o que tinha qualidades;Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,E ouviu a voz de Deus num poço tapado.Crer em mim? Não, nem em nada.Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardenteO seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.Escravos cardíacos das estrelas,Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;Mas acordamos e ele é opaco,Levantamo-nos e ele é alheio,Saímos de casa e ele é a terra inteira,Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;Come chocolates!Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.Come, pequena suja, come!Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca sereiA caligrafia rápida destes versos,Pórtico partido para o Impossível.Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,Nobre ao menos no gesto largo com que atiroA roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!Meu coração é um balde despejado.Como os que invocam espíritos invocam espíritos invocoA mim mesmo e não encontro nada.Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,Vejo os cães que também existem,E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o raboE que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soubeE o que podia fazer de mim não o fiz.O dominó que vesti era errado.Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.Quando quis tirar a máscara,Estava pegada à cara.Quando a tirei e me vi ao espelho,Já tinha envelhecido.Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.Deitei fora a máscara e dormi no vestiárioComo um cão tolerado pela gerênciaPor ser inofensivoE vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,Calcando aos pés a consciência de estar existindo,Como um tapete em que um bêbado tropeçaOu um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltadaE com o desconforto da alma mal-entendendo.Ele morrerá e eu morrerei.Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,E a língua em que foram escritos os versos.Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como genteContinuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,Sempre uma coisa tão inútil como a outra,Sempre o impossível tão estúpido como o real,Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.Semiergo-me enérgico, convencido, humano,E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-losE saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.Sigo o fumo como uma rota própria,E gozo, num momento sensitivo e competente,A libertação de todas as especulaçõesE a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeiraE continuo fumando.Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeiraTalvez fosse feliz.)Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universoReconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu."



( Alvaro de Campos - Tabacaria )

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Recorte de um livro...




"1° Capitulo:

o Apresentando o Inicio do Natal
Seguido por 3 meses decisivos.

Havia 2 estranhos embaixo de uma laranjeira.
O céu tinha gosto de sonhos e os pés de ambos devoravam a grama.
Um deles estava escorado na árvore. Com os olhos fixados nas estrelas e um sorriso tímido nos lábios.
Havia palavras em suas mãos...
O outro estava de pé. Com folhas debaixo do braço (cartas de um amor destruído). Em sua frente se erguia uma pequena fogueira, que transformava todas aquelas lagrimas em cinzas.
Ele tinha curativos no peito...

UMA BELA DESCRIÇÃO:
Um deles queimava o passado...
... O outro devorava o céu.

2 amigos.
Uma laranjeira.
Uma fogueira rodeada pelo silêncio.

Logo-logo... 2 amantes!"








~ O 1º Capítulo do 'Conto das perdidas na Terra do Lá' lembra quando tudo começou Saumensch? quando eu vim com a idéia do livro e vc a abraçou com todas as forças ao meu lado? lembro-me que tinha acabado de ler 'A biblioteca mágica de Bibbi Bokken ( não me lembro mais como se escreve)' e que estava intusiasmada com a história, na epoca peguei todos os livros de Jostein Gaarder que consegui encontrar, bem mais isso não é para agora...


Saumensch, nós sabemos que esse livro não é nada, uma linda hst mais nada perto doque foi vivencia-la cada dia, sim, nós sabemos bem disso, de qualquer maneira ainda rende algumas boas lágrimas...






Estou com saudades...


Te cuida minha garota dos olhos de carvão...


Eu amo você!

terça-feira, 27 de maio de 2008

- V&N -


Hoje de manha durante o intervalo da escola fiquei observando a lua que, para minha surpresa, estava bem visível no céu se misturando meio aquele azul todo e as poucas nuvens que ali havia, lembrei de você na hora Saumensch, afinal, o que mais no céu me lembra tanto vc como a lua?
pensei se você tb estava olhando-a onde quer que estivesse, sabe, isso é tranquilizador mais meio trsite pelo lado de mostrar todo o vazio que ha 'aki' sem você...
Na aula fiquei lendo algumas das cartas que escrevo para você, e escrevi mais uma ¬¬'... os desenhos que tenho na agenda e sua foto... ai Saumensch vc me faz tão bem, vc é a minah vida, sim vocé tudo que da sentido a ela, o que seria de mim se ão acordasse com a nossa 'certeza'?
Eu te amo, amo tanto vc sabe disso eu sei mais é que as vezes da vontade de sair gritando isso, de sair correndo pela estrada até chegar ai e te abraçar, e esse tempo, haaaa esse tempo esta se acabano, e antes que ele chege ao fim ainda tem as possibilidades que eu pretendo agarrar com todas as forças...
breve poderei dizer mt coisa cara a cara com vc, mais breve doq imaginamos...

"Se eu pudesse te fazer passar dos limitesEu congelaria nós dois no tempo,E encontraria um novo jeito de enxergarSeus olhos pra sempre junto aos meus..."

( Blind - Placebo )


Te amo muito 'Ninguém'...

domingo, 25 de maio de 2008

Domingo - 25/05


~ Ok ok acabei de chegar do insaio, to cansada pra porra e vou 'cozinhar' agora, não que isso te interesse mais tudo bem, onde estão meus bons modos certo?


O insaio hj até que tava bom, digamos que menos ruim do que anda sendo, creio que poderemos marcar um show em breve pra estréia da Helo porque faz uns bons meses que ela assumiu a guitarra base e nada, sim sim nós somos incopetentes... x)


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sábado, 24 de maio de 2008

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Bom, não tenho idéia do porque diabos estou fazendo um blog novo porque não tenho paciência nenhuma com essas coisas, mais ultimamente ando tão entediada que resolvi criar um, eis até um bom lugar para escrever algumas das bobagens que me ajudam a passar o dia ou porque não te enviar suas 'cartas' Saumensch? sibem que o céu é um ótimo 'rascunho' e o papel me agrada muito mais, más se tratando de escrever pra você naõ é ruim...




O dia hoje pra variar foi extremamente chato, não tivemos insaio e eu fiquei a tarde quase toda na Tamyres vendo o filme do Pink Floyd ( más o filme não é ruim )...


Agora ja ta de noite eu eu estou indecisa sobre ler um bocado ou ir para o terraço de casa, ultimamente ando tão desanimada com as coisas que nem ando lendo muito ( o que não me agrada nem um pouco ), me encontro 'impedida' de continuar a escrever meu 2º livro, sinceramente espero que logo de um jeito nisso, hey mais porque diabos eu estou falando isso?