• Despedida.
O céu estava avermelhado. Era noite.Algumas gotas de chuva tocavam o rosto de um ‘Anônimo’ cansado, enquanto ele abraçava o tronco de uma laranjeira.Era tarde demais para estar acordado, tarde demais para continuar fingindo que está vivo.Ele nunca se considerou rico afinal, ele quase não tinha nada. Mas um dia ele foi muito feliz com o pouco que tinha.Havia neve em seus olhos e sangue escorrendo de seu nariz.Ao fechar os olhos um grito ensurdecedor de uma “garotinha” morrendo o destruía.
UMA LEMBRAÇA:
A chuva, a lama.
O cheiro nauseante da morte.
Meu Deus do céu...... atirem logo!
Ele retirou uma rosa amassada do macacão e se ajoelhou diante do tumulo.Encarou os olhos de um fantasma e entregou-o um pedido de desculpas- Sinto muito Speed!.Os dois estavam se derretendo.Levante-se daí, vamos!- sussurrou o ‘Tempo’ em seu ouvido.Ele limpou o sangue do nariz e esfregou os olhos.Estava congelando!Entrou em casa e pegou o 7 de copas na gaveta. Beijou o panda e fechou a porta.Não olhe parta traz!- aconselhou-se.Ele não olhou!O 1° a visitar foi o ‘Coelho’.Ao entrar o ‘Coelho’ o abraçou, dizendo que o amava muito.O tiro estava encravado em sua perna, mas não o impedia de sorrir. Sim, hoje ele está feliz.O ‘Anônimo’ o apertou tanto que ficou com medo de sufoca-lo.Boa noite ‘Coelho’!O 2° a visitar foi o ‘Gato’.
ALGO MUITO IMPORTANTE:
Definitivamente eles se amavam muito!
O ‘Gato’ dormia tranqüilo na cama. O ‘Anônimo’ entrou pela janela, olhou para ele e sorriu.Vê-lo mais uma vez era como viver tudo de novo. Como ele queria...meu Deus, ele queria tanto que chegava a vomitar.Então ele sentou-se ao lado dele e tomou-o pela mão. Acaricio-o por alguns minutos. Tremeu a maior parte do tempo.Depois ele se aproximou um pouco mais, suas mãos tocaram sua pele, depois os olhos, os lábios e então fechou os olhos.Era o bastante, senti-lo só um pouco...Não! não era o bastante.Ele não conseguiu resistir á um ultimo beijo...Então este tocou-o novamente, como nunca havia tocado antes.O coração explodindo. O nariz sangrando. O sangue fervendo.
UM APELO DO ‘ANÔNIMO’:
Não suporto mais isso.
Por favor...Atirem!
A intenção não era acorda-lo. E ele não desobedeceria.Eu te amo , adeus!- ao acordar o ‘Gato’ levou suas garras aos lábios, sentiu algo queimando sua garganta. Então ele sorriu- ele sabia, não havia estado só.
A PIOR DAS DESPEDIDAS:
Um ‘Velho’ no topo de uma colina.
O céu ainda manchado de sangue.
Ao lado um ‘Anônimo’ de cabeça baixa.
“Você ainda me ama ‘Ninguém’?”
Eles não se olhavam. O ‘Velho’ encarava o céu e desabava em lagrimas.O ‘Anônimo’ agachou e começou a acender uma fogueira. Após acesa ele puxou o ‘Velho’ pelo braço e o olhou no fundo de seus olhos.Um abraço, só um abraço – pensou um deles.Então eles se abraçaram. E depois se separaram.O ‘Anônimo’ jogou cartas na fogueira, enquanto o ‘Velho’ assistia a morte de tudo.Nós só temos palavras, está na hora de acabar com isso também- disse ele.Então este jogou o 7 de copas no fogo. O ‘Velho’ encravou as unhas no fogo. Queimou-os para resgatar a carta, e então ficou jogado no chão, segurando o 7 de copas.Você ainda me ama ‘Ninguém’?- perguntou o ‘Velho’.O ‘Anônimo’ deu as costas para ele e se dirigiu a beirada da colina.Respirou fundo e retirou uma arma do macacão.Você não me ama mais ?- voltou a perguntar.O ‘Anônimo’ abaixou a cabeça e respirou fundo novamente.Eu nunca deixei de amar você ‘Noel’!O nariz sangrando.Os gritos em seus ouvidos.Os olhos cristalizados. As mãos tremulas.O revolver tocando sua garganta.Está na hora...... O tiro!
MAIS TARDE UM ‘GATO’ E UM’VELHO’ENTERRAVAM MAIS UM FANTASMA:
“(...) os dois deram as mãos.Sentou-se um ultimo adeus encharcado e eles fizeram meia volta...... e saíram do cemitério, olhando varias vezes para trás (...)”
('O Conto das perdidas na Terra do LÁ' - Último capítulo )
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